Carmelita Pires, antiga líder do PUSD, agora é a nova militante do PRS.
O acto público de aderência ao partido teve lugar quinta-feira, 21 de setembro em Bissau, com a entrega e a recepção do cartão de militante.
Carmelita Pires justifica a decisão de se juntar a aos renovadores, por considerar que, esta formação politica encontrar-se numa altura crucial para dar resposta ao desafio da conjuntura nacional.
De regresso à vida política partidária, Carmelita Pires, denunciou que os dirigentes do PAIGC, tentaram aliciar os militantes do PUSD para destitui-la a liderança do partido, o que constituiu, entre outros motivos do seu afastamento da cena política ativa.
Recordamos que, Carmelita Pires, ponderou abandonar a política ativa no dia 25 de novembro de 2016.
A nova militante do PRS, Carmelita Pires, levou consigo cento e cinquenta militantes do PUSD e promete levar mais.
MANIFESTO DE ADESÃO AO PRS
Muito boa tarde.
Os meus cumprimentos ao Partido da Renovação Social,
ao Presidente, aos fundadores, ao Secretário-Geral, aos deputados da atual
legislatura, aos demais dirigentes, às Mulheres, Homens e Jovens militantes; e
a todas e a todos quantos hoje aqui se fizeram presentes.
Neste ato, dirijo-me a esta Assembleia, em meu nome e
de mais de uma centena de guineenses que me acompanham, para apresentar o nosso
Manifesto de Adesão ao Partido da Renovação Social.
Estou aqui perante vós porque
acredito na Guiné-Bissau. Que tem tudo para dar certo: tem-nos a nós,
gente de várias raças e credos, gente bonita e alegre, gente simpática e
generosa, gente corajosa e capaz. Temos a nossa terra entrelaçada de rios;
temos chuva por demais; temos sol que abrilhanta as nossas almas; temos um chão
fértil e generoso; temos uma mata luxuriante de verde; temos muito peixe; e
muito, muito mais. Terra farta e saborosa, a nossa!
Compatriotas,
Permitam-me que me apresente, e ao meu percurso
político, antes de convosco partilhar as motivações desta minha adesão, bem
como as expectativas que me movem.
Sou jurista de formação. Julgo que essa minha opção
ganhou corpo porque desde cedo tomei consciência das graves injustiças a que
assistia no dia a dia. Quando via os grandes desprezarem os pequenos, o
enriquecimento sem causa em detrimento da sociedade, a ascensão da mediocridade
em prejuízo do mérito, os inevitáveis retrocessos em todas as áreas daí
decorrentes, tomei a vocação de contribuir para a mudança do estado de coisas,
assumi a minha quota parte de responsabilidade. Algo tinha de ser feito. Alguém
tinha de o tomar a peito. Não o fiz por direito. Fi-lo por dever. Pela enorme
dívida que sinto em relação a esta pátria, pela educação de luxo da qual sei
que beneficiei.
No entanto, só comecei a fazer política como reação à
guerra que me bateu à porta nesta cidade que me viu nascer e crescer.
Posicionei-me contra os invasores estrangeiros, já que não alcançava o porquê
dessa guerra, que tantas almas levou sem que as pudéssemos contar, ou
tivéssemos tempo para as chorar. Valeu a pena? Tudo vale a pena, quando a alma
não é pequena. Alimentámos sonhos de Justiça com J grande. Esperanças que foram
rapidamente traídas, e novamente afogadas em sangue. Os vícios estavam tão
entranhados, que a revolução com que sonháramos se tornou em pesadelo, porventura
mais doloroso que a rotina passiva com que antes nos tentavam anestesiar. Qual
rabo di pumba? Assistimos impotentes ao regresso revanchista dos vencidos, com
o seu cortejo de afilhados, sob novas e piores formas, numa mistura explosiva
que não tardou em arrebentar-nos na cara. A corrupção galopante era alimentada
por novas fontes de rendimento, com o tráfico de drogas a suplantar o de armas,
que já antes nos conduzira à guerra.
Entretanto, filiei-me no PUSD, pelos
seus ideais social-democratas, com os quais me identifico. Desempenhei vários
cargos nesse Partido, que chegou a ser o terceiro maior do espectro político
guineense, com dezassete deputados, e a assumir um papel de árbitro, para
desempatar o bipartidarismo, que o método de Hondt favorecia na
contabilidade eleitoral. Ascendi a Ministra da Justiça num contexto
especialmente complicado, e tudo fiz para redignificar o poder judicial,
devolvendo-lhe a independência que lhe atribui a letra e o espírito da
Constituição, como instrumento privilegiado para o equilíbrio entre os vários
poderes, os quais, no entanto, instrumentalizados pelos seus titulares,
rapidamente degeneraram numa luta sem quartel pela supremacia absoluta, com os
tristes resultados que todos conhecemos: mais intolerância tingida de sangue.
Com uma liderança do país fragilizada e incapaz de
colocar um ponto final na violência, as Forças Armadas foram obrigadas a
intervir, para rapidamente, sob pressão da Comunidade Internacional, cederem o
poder a mais um governo de transição. Decidi que era chegado o momento de
lançar a minha candidatura à Presidência do PUSD. Com a ajuda dos militantes
mais empenhados, apesar da forte limitação de recursos, fizemos o melhor que
pudemos. Os parcos resultados obtidos, foram suficientes para aprender, à
própria custa, da impossibilidade manifesta dos pequenos Partidos ascenderem à
esfera do poder. Não conseguimos passar a mensagem, perante uma realidade de
bipolarização, nem conseguimos eleger qualquer deputado, apesar de
significativas votações na Diáspora. A mobilização do voto útil foi mais forte.
Apesar disso, fui convidada para assumir novamente a
pasta da Justiça, no governo de inclusão que se seguiu a essas eleições. Aderi
de boa fé a essa proposta, mas rapidamente me apercebi que se esperava de mim
uma postura simplesmente decorativa. Não me foram proporcionados meios, nem
pude participar de quaisquer decisões, incluindo na minha área de competência,
apesar do meu empenho. O crescente mal-estar que se seguiu, viria à luz do dia
aquando da exoneração de Domingos Simões Pereira por parte da Presidência da
República. Fui acusada de ingratidão, entre outros impropérios com que me brindaram.
Foi nesse contexto que, a convite da atual Direção
cessante do PRS, iniciei uma aproximação ao vosso Partido, participando nas
comemorações do 24.º aniversário, o que me serviu de pretexto para conhecer
melhor o historial do Partido. Relendo o meu discurso por essa ocasião,
constato que nada mudou e as suas palavras continuam válidas, como se fosse
hoje. O PRS é hoje um Partido amadurecido, graças ao esforço da sua liderança,
no sentido da contenção do discurso e de uma vontade de pacificação da
sociedade. De um Partido de contrapoder, tornou-se um Partido reconhecido
internacionalmente. Para mim, são sinais positivos de mudança, que me fazem
acreditar na sua capacidade para convencer o eleitorado e vencer as eleições.
O maniqueísmo de uns tantos da nossa
sociedade não apreciou a nossa decisão política de aproximação ao PRS. Porque
não gostam da independência de espírito, de ideias, não gostam de nenhuma
vontade séria e muito menos que se destaque qualquer vocação política idónea.
Quem está com eles, é bom, quem está contra eles, é forçosamente mau. A
campanha contra mim assumiu então contornos rocambolescos, com uma descarada
ingerência nos assuntos internos do PUSD por parte de altos dirigentes do PAIGC
que, durante a minha ausência do país, tentaram
aliciar membros dos órgãos superiores do Partido para demitirem a sua
Presidente.
Este género de golpes baixos a que chegou a política
no nosso país, a campanha de insultos de que fui alvo, o bloqueio das
instituições da República, o impasse que se gerou após o Acordo de Conacri,
cujo teor e mecanismos de implementação tive, aliás, a ocasião de criticar
fortemente na altura, desmoralizaram-me um pouco, e por isso, senti a
necessidade de me afastar das lides políticas. Em novembro do ano passado anunciei
assim publicamente a minha demissão do cargo de Presidente do PUSD. Foi um
tempo de paragem, durante o qual recarreguei baterias, repensei a minha postura
política.
Compatriotas,
Hoje, é DIA INTERNACIONAL DA PAZ, contudo, quando vejo
o mundo cheio de guerras e de misérias e vejo a nós, neste pedaço de terra, a
digladiar-nos para estar e nos mantermos no poder, vejo também que, em
cidadania, tenho responsabilidades para comigo própria, para com os meus filhos
e para com a minha Guiné-Bissau. Com a aproximação do V Congresso do Partido da
Renovação Social, fui convidada para aderir a uma nova dinâmica, que se antevia
com a recandidatura da atual Direção, apostada numa renovação tranquila. Senti,
nessa abordagem, um carinho especial e uma aposta sincera nas minhas valências,
que me revigorou a alma. Senti uma vontade genuína de romper com gente
desonesta, com arrogantes, dados a grandezas e à ostentação, nepotistas,
peritos na hipocrisia e na bajulação, que é preciso afastar da cena política e
sancionar nas urnas.
Senti, tanto da parte do Presidente do Partido como do
Secretário-Geral, um sopro de esperança. Cada um com as suas valências,
senti-os apostados em manter a coesão do Partido em torno de um projeto
aglutinador para o futuro. O PRS está hoje bem posicionado, perante o desnorte
do seu principal adversário e o cansaço generalizado a que este deu origem
junto da população, para protagonizar o volte face do qual a Guiné-Bissau
necessita desesperada e inadiavelmente.
Acredito que a Guiné-Bissau pode renascer das cinzas
com uma nova mentalidade, se alimentarmos uma visão clara e sustentável para o
futuro. Nunca fui de me esquivar a desafios. Se há coisa que me irrita
solenemente é ouvir o sempre eterno «Djitu ka tem» acompanhado por um virar as
costas aos problemas que nos afligem. O PRS encontra-se num momento crucial
para dar resposta ao desafio nacional. Decidi, por isso, aderir ao vosso grande
Partido, do qual partilho os valores políticos: a LIBERDADE, a IGUALDADE e a
FRATERNIDADE, o respeito pela DIGNIDADE e VIDA HUMANA, com vista à edificação
de uma NOVA SOCIEDADE – JUSTA E SOLIDÁRIA. Considero que o convite que me foi
endereçado é, por si próprio, significativo da vontade alimentada pela dupla
que se candidata à renovação do seu mandato à frente dos destinos do Partido.
Renovadores,
Podem contar comigo! Vamos ser capazes de retirar a
Guiné-Bissau da cauda do mundo, em prol da recuperação da nossa dignidade, cá
dentro e lá fora. Vamos consagrar esse esforço de abertura do Partido e abrir o
caminho para uma maior consistência ideológica, numa perspetiva local e
identitária, de adaptação dessa ideologia à urgente renovação social de que
carecemos para a mudança. A nossa realidade tem um elevado grau de exigência,
pede-nos uma atitude proactiva e passos de gigante. Temos que dar O SALTO.
Podem contar connosco para ajudar a pensar, a impulsionar, a conceber uma
estrutura sólida que nos permita convencer o eleitorado a apostar no Partido, a
aderir a uma dinâmica imparável que deve assentar num diagnóstico sociológico
lúcido, no delinear de um coração ideológico suficientemente sólido e
consensual, que estejamos dispostos a defender em comum, com a força das nossas
convicções.
Não duvido que, se o conseguirmos, a mensagem vai
passar e propagar-se pela maioria da população, e o Partido obterá excelentes
resultados nas urnas, que lhe permitam sustentar propostas governativas
consistentes. O maior dos desafios, consiste em o PRS estar apto a REESTRUTURAR
O ESTADO. Saber como tirar o país do atoleiro em que se encontra. Como
‘arrancar’ com uma terra que continua a depender da cooperação, de
financiamentos externos e de doações, a quase 100% dos casos, e que até a
instabilidade política é paga pela Comunidade Internacional através do
financiamento das eleições. Sair do círculo vicioso dos projetos que são sol de
pouca dura, dos quais, perniciosamente, a maioria dos guineenses pouco ou nada
beneficia. Como parar de ser o eterno pedinte que desperdiça dinheiros e
impostos de outros Estados, se endivida à espera do próximo perdão.
Nos Estados desenvolvidos é o Estado
que puxa a sociedade. Entre nós, face à degradação das instituições, temos que
apostar na nossa RIQUEZA SOCIAL como alavanca para a construção de um Estado
digno desse nome. Não vale a pena insistir na lengalenga habitual, é preciso
apostar em fórmulas políticas originais, concebidas para a nossa própria
realidade, constatada e provada. O caminho é começar a trabalhar com a PRATA DA
CASA, que queira, que possa e que saiba pensar, definir estratégias
consistentes e sustentáveis a partir da nossa realidade, a partir da realidade
da nossa terra.
No interior do país prevalece o tradicional, na
confluência entre grupos étnicos e numa invejável interação entre realidades
culturais e religiosas diversas. Algo único em espaço geográfico tão exímio!
Enquanto que, na capital, Bissau, identificamos uma miscelânea entre o
tradicional, o moderno e as influências avulsas que nos chegam dos nossos
vizinhos da costa ocidental africana. E, no exterior, fruto de várias levas
migratórias, temos uma diáspora sacrificada e potencialmente profissionalizada,
composta por muitos filhos da Guiné-Bissau sedentos de retorno.
Defendemos uma REVOLUÇÃO DAS MENTALIDADES que se traduza
numa evolução tranquila e sem sobressaltos da nossa terra. Não temos uma
cartilha, queremos uma partilha. Uma renovação feita de inovação, fazendo a
ponte entre a nossa identidade tradicional e uma modernidade que teima em
acenar-nos de longe, sem que nunca a consigamos alcançar. Sim, é possível
conciliar estes objetivos, com criatividade, com empenho e com dedicação.
Naturalmente, temos uma tarefa titânica pela frente. O pontapé de saída tem de
incidir no reajuste da nossa identidade, do sentimento de pertença nacional e
de cidadania. O ponto de partida deve ser a convergência entre as nossas raízes
culturais e a mundividência que lhe subjaz. Pois, para a Guiné-Bissau crescer,
nós, guineenses, temos também de crescer.
Compatriotas,
Relativamente ao desenvolvimento, estamos fartos de
diagnósticos, de projetos e programas, sem que se notem quaisquer mudanças no
panorama neurótico que há tanto tempo nos oprime. Estamos em vésperas de uma
OPORTUNIDADE ÚNICA, desta feita, para o Partido da Renovação Social ir às urnas
buscar a legitimidade e tomar as rédeas do Estado, preparando-o para as
REFORMAS ESTRUTURAIS que é imperativo implementar.
Na nossa maneira de ver as coisas, reestruturar o
Estado passa por projetá-lo para um novo patamar, alinhando pelas melhores
práticas e os legítimos anseios do nosso povo. Doravante, a nossa fasquia
não poderá resumir-se, como até aqui tem sido, a pagar atempadamente os
salários, por sinal de miséria. A nossa ambição não deve saciar-se de esmolas,
nem o Estado vergar-se, como eterno pedinte, perante os diversos grupos de
interesse que o mantêm refém.
Quer-me parecer que, se escolhermos criteriosamente as
pessoas que mais merecem dirigir o nosso país, saberemos usar razoavelmente e
dar valor àquilo que temos!
Sendo que, é mais do que evidente que qualquer
política de desenvolvimento do nosso país, deve ser elaborada com base nos
NOSSOS RECURSOS HUMANOS E FINANCEIROS. Por os pés na terra e apostar
estrategicamente na agricultura, que emprega a esmagadora maioria da população
ativa (parece-me essa a mensagem que os fundadores quiseram transmitir com a
escolha das espigas na bandeira do Partido). Mas apostar também na pequena
indústria agroalimentar; no ecoturismo, que não carecem de grandes
investimentos. Concentremos os recursos que pudermos acumular numa
racionalização das infraestruturas, como estradas, fornecimento de energia,
desassoreamento dos nossos rios como estímulo do transporte fluvial. Só assim
poderemos começar a tirar proveito da nossa integração regional.
Mas para isso precisamos inexoravelmente de SERENAR O
PAÍS, DEVOLVENDO-LHE AS SUAS INSTITUIÇÕES. Refiro-me à Assembleia Nacional
Popular, ao sector da Justiça, da Defesa e Segurança, da Administração Pública
e do poder local. É perentório rever e reformular a Constituição da República,
a lei eleitoral, a lei dos partidos políticos, entre outras. A simples FORMA
não é tudo, todos sabemos que não basta a letra das leis. Mas é preciso
recomeçar por algum lado. O esforço seguinte será de lhes emprestar SUBSTÂNCIA,
que o espírito das leis não seja sistematicamente subvertido, por gente sem
escrúpulos, guiada apenas por mesquinhos interesses conjunturais.
Amigos Renovadores,
Estamos certos de que, se soubermos fazer uso das
oportunidades, se aproveitarmos com pragmatismo a dinâmica social existente,
vamos conseguir renovar. Basta que as coisas comecem a funcionar. O mínimo que
possamos fazer vai certamente dar resultados, vai dar frutos e vai haver
retorno. Depois de acionar o motor de arranque, a máquina vai certamente
embalar.
Muitos do PUSD, com o meu conhecimento e aval, em 11
de março passado, aderiram ao PRS. Hoje, voltamos a aderir em grupo, homens e
mulheres, e um grupo significativo de jovens de outras filiações partidárias,
ou sem ela. Vimos também em opção própria, individual e de consciência,
apostando na abertura do Partido à renovação das suas idiossincrasias e na
nossa mais valia junto do PRS. Regozijo-me com a motivação e, na parte que me
cabe, para os que se juntam em apreço à minha recomendação, agradeço-lhes pela
confiança. Estamos juntos!
Para que, com um trabalho partidário solidário e
coeso, em diálogo permanente, na crítica e autocrítica construtiva, possamos
conjuntamente reforçar a dinamização em curso no PRS, preparando-nos para
vencer o desafio da promoção do INTERESSE NACIONAL e da CREDIBILIDADE
GOVERNATIVA.
Minhas Irmãs do PRS,
Neste ato, não poderia deixar de me dirigir a vós.
Para me congratular com a vossa presença, sabendo o quanto é difícil à mulher
guineense enveredar pela política, onde é normalmente usada na mobilização e,
às vezes, como floreado do poder politico, apenas para mostrar que foram
cumpridas envergonhadamente quotas mínimas. Quando, não nos faltam leis e
mecanismos de promoção da igualdade de género,
tanto ao nível nacional, sub-regional, continental, como internacional.
Temos que ser tidas e achadas na esfera de decisões.
Porque a mulher guineense tem uma larga experiência, quando se trata de servir,
quer no âmbito familiar, como no comunitário. A mulher guineense, principal
vítima da instabilidade política crónica, é condescendente, permissiva e até
sofredora, por vezes; é contra a violência e não é corrupta; é boa
profissional, lutadora, decidida e voluntariosa. Todas estas são qualidades que
gostaríamos de valorizar na política.
O desafio não são lugares nem são
quotas para as mulheres. O verdadeiro desafio vai muito mais além. Temos que
saber unir os polos, HOMEM e MULHER (MATCHUNDADI e MINDJERDADI), para
conseguirmos um equilíbrio e mitigar a cultura machista que nos tem oprimido, a
nós, mulheres, no nosso país. É importante a
nossa atuação para que a família guineense se entenda, para que os homens
dialoguem, se unam em defesa do bem comum, saibam falar com o coração e não nos
esgotem em intermináveis disputas pelo poder. Aos homens pedir licença,
pedagógica e educadamente, mas estar atentas e conscientes para a importância
do nosso papel. Afinal são os nossos homens! O que me faz lembrar um provérbio
africano: «Se educas um Homem, educas um indivíduo, mas se educas uma Mulher,
educas uma nação». Façamos, pois, ouvir a nossa Voz, a nossa fala!
Estou hoje aqui a entregar-me de coração nas vossas
mãos. E não vim sozinha! Viemos engrossar as fileiras das mulheres guineenses
que trabalham lado a lado na renovação social da Guiné-Bissau, nô terra. Vamos
pôr-nos de pé e ao lado dos homens? Vamos fazer acontecer a política?
Uma palavra aos Jovens do PRS.
A verdade é que, na nossa terra, a política para a
juventude tem sido apenas para inglês ver. Para além da desestruturação das
famílias, da fraca qualidade do sistema educativo, os jovens, que são a grande
maioria da população, foram votados às bancadas, às filas para visto na
embaixada de Portugal e às tentativas de emigrar através de canais fraudulentos
da sub-região, na busca por uma vida melhor no ocidente. É esta a dura
realidade da juventude, nua e crua. Um stress permanente que se arrisca a
levar-nos a flor dos mais insatisfeitos e empreendedores, que tanta falta fazem
ao nosso país. Perante a ausência de oportunidades, a Europa, a América,
tornam-se sinónimos de paraíso, que, de facto, não são.
Queremos trabalhar na forja das vossas oportunidades,
para que possam ter uma vida promissora em Bissau ou em qualquer canto do nosso
país, e para que ela seja melhor que a proporcionada à minha geração e às
outras que a antecederam. Os vossos sonhos e aspirações, são causas legítimas,
já adiadas por demasiado tempo. Desejamos ardentemente que os Jovens e a
Juventude do PRS se venham a sentir ORGULHOSOS DE SER GUINEENSES e lhes seja
permitido viver o desenvolvimento da e na nossa terra.
Prezado Presidente Alberto Nambeia,
É minha profunda convicção para as próximas
legislativas que o PRS inaugurará um novo período da nossa jovem democracia.
Por estar convencida que o Partido enfrentará vitoriosamente os desafios que
tem pela frente, fazendo jus à sua liderança tranquila e empenhada. A sua
capacidade de mediação, de reunir as pessoas, de as unir em torno do
engrandecimento do Partido, insufla confiança e inspira-nos entusiasmo.
É graças a si que temos,
no momento histórico que o país atravessa, um PRS mais amadurecido, apto, como
nenhum outro partido, para um combate político eficaz e para se afirmar
positivamente como uma ALTERNATIVA SÉRIA DE PODER. Não duvido que, se soubermos
manter a unidade e a coesão internas, estaremos a caminho de uma maioria, e,
muito provavelmente, de uma maioria absoluta.
O país precisa de uma LEGISLATURA DE RENOVAÇÃO SOCIAL
E DE PROGRESSO SUSTENTÁVEL. Por isso, Presidente Nambeia, para nós, aqui
presentes, aderentes ao Projeto PRS, fazemo-lo convictos e impregnados de
patriotismo e civismo, de alma e de coração, apostados em contribuir para o
reforço da coerência e da consistência do Vosso e, agora também, NOSSO grande
Partido. Contamos, Senhor Presidente, com a vossa benevolência, com o vosso
apoio, com a simpatia dos dirigentes e militantes do Partido. Confio nas
virtudes do trabalho de equipa.
É, pois, uma honra e um privilégio apresentar
publicamente a nossa adesão à militância no PRS, juntar-nos ao coletivo de
mulheres, homens e jovens que defendem a bandeira da Renovação Social.
Já como Renovadora Social,
Agradeço, do fundo do coração, aos que me acompanham.
Agradeço a receção que nos foi feita.
Agradeço, em especial, à Direção das estruturas
partidárias convocadas e aqui presentes, por nos terem proporcionado este
momento.
Last but not the least, permitam
que agradeça à minha família, que é o meu sustentáculo e aceitou esta minha
opção política.
Muito obrigado Senhor Presidente Alberto Nambeia.
Muito obrigado Senhor Secretário-Geral Florentino
Mendes Pereira.
Muito Obrigado dirigentes do PRS.
Muito obrigado ao Partido da Renovação Social.
VIVA A GUINÉ-BISSAU!
VIVA O PRS!
Notobanca; 22.09.2017
Um gesto de pura transumância política, como dizem os senegaleses. Grande sinal de falta de princípios e de coerência políticas. Talvez mesmo, ético-moral.
ResponderEliminarE, eu me pergunto e me pergunto, com este género de Senhoras e Senhores "transumantes" políticos, como é que a Guiné-Bissau pode sair deste seu atual e presente ciclo de instabilidades, no qual já há 21 anos se encontra mergulhado. Pena. Triste. Não tenho outras palavras.
Obrigado.
Que reine o bom senso.
Amizade.
A. Keita